
No episódio de hoje do “Temas Em Voz”, vamos falar sobre o padrão de respiração adequado ao canto.
Você já parou para analisar como respira ao cantar? Seu padrão respiratório pode estar ajudando ou prejudicando sua performance vocal sem que você perceba.
Antes de mais nada, é importante destacar que a técnica respiratória inadequada no canto pode comprometer a saúde vocal, resultando assim em esforço laríngeo, desafinação e inconsistência sonora.
Muitas vezes, cantores sentem cansaço vocal, tensão no pescoço ou dificuldade para sustentar frases musicais sem saber que a origem do problema está na respiração.
Além disso, os padrões de respiração são classificados em:
- Clavicular ou superior
- Mista ou torácica
- Abdominal ou inferior
- Costo-diafragmático-abdominal
Esses padrões de respiraçãos têm forte influência na produção vocal. Portanto, compreender os diferentes tipos de respiração é fundamental para garantir uma técnica eficiente e saudável.
Mas então, qual é a melhor forma de respirar para cantar? Antes de responder, vamos entender os diferentes padrões de respiração.
Respiração Clavicular Superior
A respiração clavicular ou superior é caracterizada pela expansão superior da caixa torácica, portanto, resulta em:
- Elevação visual dos ombros,
- Anteriorização do pescoço e elevação da laringe,
- Redução no volume de ar necessário para a produção vocal.
Além disso, o resultado sonoro tende a ser de uma voz agudizada devido à elevação e à tensão na laringe.
Por consequência, não há aporte suficiente de ar para o canto. Dessa forma, tudo fica mais complexo de se controlar.
Esse padrão de respiração é comumente usado em quadros de ansiedade, exercícios físicos, caminhada etc.
Respiração Mista ou Torácica
Já a respiração mista ou torácica, predominantemente na população em atividades cotidianas e conversas informais, é caracterizada por:
- Deslocamento anterior da região torácica média,
- Pouca movimentação na região superior ou inferior.
- Utilizada em fases de repouso ou uso em conversas coloquiais,
Embora funcional para o repouso, não atende às exigências do canto, pois não gera pressão subglótica suficiente para sustentar a voz.
Respiração Abdominal ou Inferior
Na respiração Abdominal ou inferior, ocorre:
- Expansão da parte inferior do abdômen,
- Ausência de movimentação na região superior.
Para evitar o colabamento do tórax é necessário alinhar a postura corporal, pois devido à pressão subglótica, pode gerar uma voz mais pesada.
Respiração Costo-diafragmático-abdominal (padrão de respiração adequado ao canto)
Por fim, a respiração costo-diafragmático-abdominal, considerada a mais completa e eficaz para o desenvolvimento no canto, pois permite:
- Em primeiro lugar, a expansão completa e harmônica de toda a caixa torácica,
- Sem excessos na região superior e inferior, aproveitando toda a área pulmonar,
- Alargamento das costelas e atuação conjunta do diafragma e abdômen, participando do processo de suporte e sustentação do ar, essenciais para o uso da voz profissional.
Dessa forma, a respiração adequada ao canto, padrão costo-diafragmático-abdominal, é fundamental para a produção vocal de qualidade.
Responsável pela expansão de toda a caixa torácica, é considerada a respiração completa, por promover a expansão dos pulmões e oferecer suporte técnico ao canto, permitindo o movimento livre do diafragma e controle expiratório durante a demanda vocal.
- Expansão completa dos pulmões, aproveitando a capacidade respiratória ao máximo.
- Maior controle sobre o fluxo de ar, permitindo uma emissão vocal mais estável.
- Redução da tensão no pescoço, ombros e laringe.
- Maior resistência vocal, evitando fadiga precoce.
- Melhor sustentação das frases musicais, sem necessidade de respirar constantemente.
Exercício – PADRÃO CDA (padrão de respiração adequado ao canto)
Para desenvolver o padrão de respiração costo-diafragmático-abdominal, siga o passo a passo a seguir:
- Em pé, coloque as mãos sobre as costelas e incline ligeiramente o corpo para frente.
- A partir dessa postura, realize uma inspiração e expiração lenta e profunda, sinta a ativação dos músculos intercostais externos expandindo as costelas lateralmente.
- Para adquirir esse novo padrão, é necessário o treino diário conforme a indicação de 20 vezes por 3 vezes ao dia.
Após um mês de treino essa respiração já estará automatizada.
💡 Alerta: Consulte o seu instrutor de voz para praticar o desenvolvimento da respiração adequada para o canto.
Exercício extra
Após desenvolver o padrão CDA acima, continue o seu condicionamento com o exercício abaixo, siga o passo a passo:
Coordenação e controle respiratório:
- Apoie as mãos sobre as costelas e inspire contando mentalmente até 5 expandindo as costelas lateralmente,
- Após, mantenha a expansão por 5 tempos, sem a sensação de estar segurando o ar, a glote deve permanecer aberta para isso, mantenha a sensação de inspiração,
- Por fim, expire silenciosamente, mantendo a postura do esterno e da caixa torácica por mais 5 tempos.
Repita esse ciclo sem pausa, com o aumento gradual da contagem de 1 a 12 ao longo do tempo.
“E se eu sentir tontura ao treinar essa respiração?”
Isso pode acontecer se você respirar de forma muito profunda e rápida.
Para evitar esse desconforto, faça os exercícios em um ritmo confortável para não hiperventilar.
“E se eu não treinar a respiração correta?”
Sem um padrão respiratório adequado, é provável que você precise compensar a falta de suporte com esforço muscular, sobrecarregando a laringe. Com o tempo, isso pode levar a cansaço vocal, dificuldade para alcançar notas agudas e até lesões nas pregas vocais.
Treine diariamente e perceba a diferença no seu canto!
Referências
BEHLAU, Mara. Voz O Livro do Especialista. V.1. Rio de Janeiro: Revinter 2004. 2ª impressão.
BEHLAU, M.; MADAZIO, G. Voz: tudo o que você queria saber sobre fala e canto. Rio de Janeiro: Revinter, 2015.
MILLER, Richard. A estrutura do canto: sistema e arte na técnica vocal. 1. Ed. São Paulo: É Realizações, 2019.
PINHO, S. M. R. Fundamentos em fonoaudiologia: tratando os distúrbios da voz. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
SUNDBERG, J. Ciência da voz: fatos sobre a voz na fala e no canto. Ed. 1. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018.
Gostou das dicas?
Então, cuide bem da sua voz para que sua performance permaneça impecável.
Além disso, compartilhe com amigos que precisam cuidar da voz.
Você já viu o post sobre como desenvolver a sua dicção? Então clique aqui para ler!
Baixe gratuitamente o E-book “Saúde Vocal” e aproveite as dicas.
Clique no botão abaixo e logo após, faça o download seguro:
Por fim, espero que o conteúdo de hoje tenha sido útil.
Até a próxima!
Diuly
Deixe um comentário