Anatomia e fisiologia da voz – Parte II

Tempo de leitura: 7 min

Escrito por Diuly Lovatto
em 9 de fevereiro de 2024

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Anatomia e fisiologia da voz – Parte II

No post de hoje sobre anatomia e fisiologia da voz, vamos abordar os músculos intrínsecos e extrínsecos da laringe.

Em primeiro lugar, falaremos sobre os músculos que permitem ajustes fonatórios variados e os que movimentam toda a estrutura da laringe.

Dessa forma, damos sequência à nossa série sobre anatomia e fisiologia da voz.

 

1. Músculos Intrínsecos da Laringe

 

Os músculos intrínsecos da laringe são essenciais para o ajuste da fonte glótica.

Em outras palavras, todos esses têm sua origem e inserção (ponto fixo e ponto móvel), ou seja, onde o músculo permanece fixo durante a contração e onde a sua extremidade está inserida, que é móvel.

Veremos abaixo os músculos em uma visão posterior da laringe, ou seja, a parte de trás da laringe.

 

Cricoaritenóideo Posterior (CAP): 

O CAP é o músculo mais importante na respiração, sendo o responsável pela abertura das pregas vocais.

Ele tem sua origem na cartilagem cricoidea e inserção nas cartilagens aritenoideas.

Isso significa que o cricoaritenoideo posterior (CAP) puxa os processos musculares para trás aproximando-os, e assim, afastando o processo vocal (as pregas vocais).

Isso faz com que as pregas vocais abram, esse movimento de abertura é chamado de abdução.

OBS.: Há evidências da presença do CAP dando suporte ao seu papel de estabilizador das aritenoides quando há o estiramento das pregas vocais.

 

Cricoaritenóideo Lateral (CAL):

O CAL, por outro lado, é um dos músculos responsáveis pelo fechamento das pregas vocais, esse movimento de fechamento é chamado de adução.

Ele também tem sua origem na cartilagem cricóidea e inserção nas aritenóides.

Durante a adução, o fechamento das pregas vocais não é completo, deixando uma fenda posterior entre as aritenoides, como mostra a imagem abaixo:

Interaritenoideos (IA)

Os músculos interaritenoideos, que incluem as porções transversa e oblíqua, têm sua origem em uma cartilagem aritenoide e a sua inserção na outra cartilagem aritenoide.

A contração desses músculos (transverso e oblíquo) resulta no fechamento total posterior das pregas vocais.

Veja em ação:

 

Cricotireóideo (CT)

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O CT, tem sua origem na cartilagem cricóidea e inserção na cartilagem tireóidea.

Ao se contrairem puxam a cartiagem tireóidea para frente e para baixo num movimento de báscula.

O CT é o músculo responsável pelos agudos (alongamento), pois ao se contrair, puxa a cartilagem tireóidea, e a prega vocal que tem sua origem nessa cartilagem é estirada.

Veja o músculo CT em ação (vista de cima), puxando a cartilagem tireóidea para baixo e para frente alongando as pregas vocais:

 

Tireoaritenóideo (TA)

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O TA tem origem na cartilagem tireóidea (ponto fixo) e inserção na cartilagem aritenoidea (ponto móvel).

Lembrando que o músculo faz contração sempre na sua origem, no seu ponto fixo, ou seja, irá puxar a cartilagem aritenoidea (insersão) em direção a tireóidea (origem).

Para alguns autores consiste em dois principais feixes, um interno (vocalis) e outro externo (rico em fibras CR).

O TA interno ou tireovocal, ao se contrair, aumenta a força e a resistência glótica, regulando a intensidade vocal, aumentando a massa e, dessa forma, diminuindo o comprimento das pregas vocais. Isso ocasiona o acúmulo da massa da mucosa que reveste as pregas vocais, sendo o responsável pelo controle da frequência.

O TA externo ou tireomuscular é altamente fatigável e predominantemente adutor, é importante para a produção e manutenção da firmeza glótica, com maior estabilidade do fechamento glótico. 

De forma geral existem dois tipos de contração muscular.

A concêntrica acontece quando realizamos força de contração muscular, onde o músculo diminui seu tamanho aproximando a origem da inserção e a excêntrica ocorre quando realizamos força, alongando o comprimento dos músculos, distanciando a origem da inserção. 

O TA na concêntrica mantém tensão encurtando as pregas vocais e na excêntrica, o músculo mantém a contração sendo estirada.

Curiosidade: No movimento de abertura e fechamento das pregas vocais, a origem das pregas vocais que estão conectadas na cartilagem tireoidea nunca se abre, mas existe um pequeno afastamento entre as p.v.. A parte de trás (posterior) onde ela está inserida nas cartilagens aritenoideas é que irá fazer o movimento de abertura (abre e fecha como um “V”).

Estrutura das Pregas Vocais 

Segundo Hirano (1993 e 1996), a estrutura das pregas vocais é um complexo corpo-cobertura.

O corpo é o músculo vocal, enquanto que a cobertura inclui a mucosa e o epitélio (parte perolada da mucosa).

A divisão das camadas é a seguinte:

 

Anatomia e fisiologia da voz

 

  • Corpo: músculo vocal
  • Transição: as camadas intermediária e profunda (ligamento vocal)
  • Cobertura: lâmina própria, camada superficial e epitélio.

O músculo TA é recoberto por mucosa e essa mucosa tem 3 camadas:

  • Camada profunda: é a mais próxima do músculo, composta por músculos de sustentação.
  • Camada intermediária: possui uma mistura de fibras de sustentação e fibras elásticas.
  • Camada superficial: é a camada mais elástica, mais flexível, também chamada de espaço de Reinke.

Quanto mais próxima à superfície, mais flexível é a camada.  As camadas intermediária e a profunda formam o ligamento vocal.

Anatomia e fisiologia da voz

 

Ariepiglótico e Tireoepiglotico

Ariepiglótico tem origem na aritenoide e inserção na epiglote.

Já o Tireoepiglotico tem origem na tireoide e inserção na epiglote, trazendo a epiglote de volta ao seu estágio normal.

Anatomia e fisiologia da voz

Resumo dos músculos intrínsecos da laringe:

  • TA:  É responsável pelos graves, porque ele encurta a prega vocal.
  • CT: Responsável pelos agudos (alongamento passivo), ao se contrair faz com que o TA alongue (quando o CT contrai, faz girar as aritenoides abrindo as pregas vocais).
  • CAP: Único musculo responsável pela abertura (abdução) das pregas vocais.
  • CAL: Músculo responsável pelo fechamento da parte anterior das pregas vocais.
  • IA: Responsável pelo fechamento da parte posterior das pregas vocais.

 

Anatomia e fisiologia da voz

 

Predomínio de tipos de fibras dos músculos intrínsecos

Os músculos que tem função postural, de contração constante durante muito tempo ou atividade repetida, precisam ser mais resistentes.

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Fibras do tipo I são fibras de resistência, ou seja, o músculo tem a capacidade de manter a contração por mais tempo, ou de fazer contrações repetidas por muito mais tempo, como o CAP e o CT.

Fibras do tipo II são fibras de força e agilidade, o músculo tem menor resistência, são mais fatigáveis, mas tem energia mais rápida em menor quantidade. Como o TA, CAL e IA, pois estes músculos precisam fazer o fechamento rápido da prega vocal para proteção das vias aéreas.

 

2. Músculos Extrinsecos da Laringe

 

Anatomia e fisiologia da voz

Os músculos extrínsecos da laringe permitem o levantamento e abaixamento da laringe.

A musculatura supra-hióidea, localizada acima do osso hioide, é responsável por elevar e tracionar anteriormente a laringe, além de auxiliar na abertura da boca. Entre esses músclos estão: Digástrico (ventre anterior e posterior), milo-hióideo, hioglosso e estilo-hióideo.

Quando a musculatura supra-hioidea se contrai, o osso hioide é elevado, puxando a laringe para cima.

Durante a abertura da boca, o ponto fixo é o osso hioide e o ponto móvel é a mandíbula. No entanto, quando a laringe é elevada, o ponto fixo é a mandíbula e o móvel é o osso hioide.

A musculatura infra-hióidea, situada abaixo do osso hióide, é responsável pelo abaixamento da laringe. Esses músculos incluem: tireo-hióideo, esterno-hióideo, omo-hióideo (traciona a laringe para trás) e esternotireóideo.

A diferença sobre origem e inserção dos músculos extrínsecos da laringe, é que uma parte estará conectada à laringe, especificamente no osso hióide, enquanto outra parte não terá essa conexão direta com a laringe.

Gostou de saber mais sobre os músculos intrínsecos e extrínsecos da laringe?

No post anterior discutimos sobre Anatomia e Fisiologia da Voz – parte I, hoje seguimos o assunto Anatomia e Fisiologia da Voz – Parte II. No próximo post, exploraremos o funcionamento dessas estruturas que discutimos até agora.

Por fim, espero que o conteúdo de hoje tenha sido útil.

Até a próxima!

Diuly

 

 

 

 

 

 

 

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