Nesse post, abordaremos o tema “Anatomia e Fisiologia da Voz – Parte I”.
Focaremos, primeiramente, nas cartilagens laríngeas, explorando como a laringe é constituída e quais são as cartilagens mais relevantes para os cantores.
Hoje iniciamos uma série sobre Anatomia e Fisiologia da Voz, com ênfase nas estruturas fundamentais da laringe. O objetivo é detalhar a composição da laringe e as principais cartilagens envolvidas nos ajustes vocais.
1. Cartilagens Laríngeas
Antes de tudo, é fundamental compreender que o aparelho fonador é composto por diversas cartilagens, além de um único osso.
A laringe é formada por 9 cartilagens: 3 ímpares (tireóidea, a cricóidea e a epiglote), 1 par principal (aritenóidea) e 2 pares consideradas acessórias (corniculadas e as cuneiformes). Essas cartilagens desempenham papéis cruciais na movimentação durante os diferentes ajustes vocais.
Na imagem abaixo, observa-se a região frontal (anterior) da laringe:
O esqueleto da laringe é sustentado principalmente pelo osso hióide. Note que a cartilagem tireóidea é a maior da laringe, acompanhada pela cartilagem cricóidea e pela epiglote.
2. Osso hióide
O osso hióide é o único no corpo humano por não se articular com nenhum outro. Em forma de “U”, fica na parte anterior do pescoço situado na parte superior na laringe, tendo suas extremidades (pontas) voltadas para a parte posterior da laringe.
Sua participação é importante na deglutição, na fala, mastigação e respiração.
Diversos músculos estão conectados ao osso hioide, como veremos em posts futuros.
3. Cartilagem tireóidea
A cartilagem tireóidea, a maior cartilagem da laringe, possui de escudo, parecendo um livro aberto para trás, composta por duas lâminas lisas. Na união dessas duas lâminas forma-se uma proeminência laríngea, conhecida como “pomo de adão”.
A variação no tamanho dessa proeminência influencia significativamente na voz, definindo o tamanho das pregas vocais e a frequência vocal emitida.
Curiosidade: Atrás dessa cartilagem estão inseridas as pregas vocais.
4. Cartilagem cricóide
A cartilagem cricoidea, a segunda maior cartilagem da laringe, tem formato de anel, circular.
Essa cartilagem conecta o trato respiratório superior ao inferior, unindo a laringe à traquéia.
As cartilagens cricóidea e tireóidea se articulam através dos cornos inferiores da tireóide.
Na cartilagem cricoidea, as cartilagens aritenóideas se articulam.
Nas mulheres, a cartilagem cricóidea é mais arredondada, o que faz com que as aritenoides fiquem mais afastadas, gerando uma fenda triangular posterior fisiológica.
A distância entre a parte anterior e posterior onde estão as pregas vocais é menor, por isso são menores.
Já nos homens, a cartilagem cricóidea é mais oval, resultando em pregas vocais maiores e uma tireóide mais proeminente.
5. Cartilagens Aritenóideas
Abaixo está a imagem da laringe vista de trás é a parte posterior da laringe das cartilagens:
As cartilagens aritenóideas em forma de pirâmides e pareadas, são essenciais na função da laringe.
Elas são a unidade funcional da laringe, visto que a maior parte dos músculos intrínsecos está inserida nela, além disso, grande parte dos ajustes que fazemos no sistema fonatório gera movimentos nas aritenóideas.
As aritenóideas têm o formato de uma pirâmide, com um vértice interno e outro externo.
No vértice (ponta) mais interno, temos a inserção das pregas vocais, consequentemente, é chamado de processo vocal.
Por outro lado, no vértice posterior (externo), está a inserção da maior parte dos músculos intrínsecos da laringe, denominando-se processo muscular.
Além disso, elas desempenham um papel importante nas funções fonatória e respiratória. Assim, a forma da sua base, que é côncava, facilita a articulação com a cartilagem cricóidea e a sua movimentação na aproximação (adução) e afastamento das pregas vocais (abdução).
6. Cartilagem epiglote
A epiglote, semelhante a uma folha ou aba, funciona como uma porta situada por trás da língua, no topo da larigem, conforme a imagem acima. Durante a deglutição, ela se fecha sobre a entrada da laringe, protegendo as vias aéreas inferiores. Isso impede a ligação da faringe com a laringe, ou seja, a comunicação entre os aparelhos respiratório e digestório, que se dá através de abaixamento e fechamento do ádito laríngeo. É o fechamento da epiglote que evita, por exemplo, você de se engasgar quando está engolindo um alimento ou bebida.
Na fala, a epiglote se movimenta acompanhando o movimento da língua, contribuindo em certos estilos e técnicas de canto como, por exemplo, na projeção vocal, volume e “drive”.
7. Cartilagens acessórias corniculada e cuneiforme
Ambas as cartilagens corniculada e cuneiforme são pequenas. As corniculadas, em forma de cone, se ligam ao ápice das cartilagens aritenóideas, prolongando-as para cima e para trás. Além disso, as cuneiformes têm forma de haste e não se ligam a outra cartilagem, apenas a músculos e ligamentos.
Compreender a anatomia das cartilagens laríngeas, portanto, é essencial para o estudo da voz. Ademais, em posts futuros, exploraremos mais detalhes sobre o funcionamento dessas estruturas. Além do mais, discutiremos suas implicações na produção vocal.
Referências
PINHO, Sílvia Maria Rebelo; KORN, Gustavo Polacow; PONTES, Paulo. Músculos intrínsecos da laringe e dinâmica vocal. 3.ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2019.
PINHO, Silvia M. Rebelo; TSUJI, Domingos Hiroshi; BOHADANA, Saramira C. Fundamentos em Laringologia e Voz. Rio de Janeiro: Revinter, 2006.
PINHO, Sílvia Maria Rebelo. Fundamentos em fonoaudiologia: tratando os distúrbios da voz. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
BEHLAU, Mara. Voz – O livro do especialista. V.1. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
Gostou de saber quais são as cartilagens mais importantes da laringe e suas funções essenciais?
Além disso, compreender a anatomia detalhada dessas estruturas pode melhorar seu conhecimento sobre a voz.
Hoje iniciamos a série “Anatomia e fisiologia da voz – Parte I” com foco nas cartilagens laríngeas.
No próximo post, abordaremos os músculos intrínsecos e extrínsecos da laringe, explorando como eles contribuem para a produção vocal.
Potanto, continue acompanhando nosso blog para aprofundar ainda mais seu entendimento sobre o fascinante universo da voz.
Por fim, espero que o conteúdo de hoje tenha sido útil e esclarecedor.
Até a próxima! Não perca o próximo post!
Diuly
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